Abrindo o Livro de Cabeceira
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Tuesday, September 30, 2008 os pêndulos não estão presos a fiosou se estão, impossível transformar isso em algo visível mesmo assim, é possível sentir abraços -kikks 10:43 PM
Wednesday, September 24, 2008 terminei hoje, desembarcando em bellevillele passage de la nuit haruki murakami (mais escombros, tão bonito) -kikks 10:49 PM
Tuesday, September 23, 2008 Há exatamente cinco anos, eu passava uma semana em que meus dilemas eram aparentemente pequenos, como sair de chinelo ou de tênis, comer ou não as groselhas azedas — e lindas — compradas no fruteiro, entrar em uma exposição fechada ao público, qual sala da vida do Jean Cocteau seria percorrida, virar ou não o corredor onde havia escrito COINCIDENCES, subir e descer as rolantes de um prédio de seis andares. Estava em um dos corredores de Paris que me levou a aqui chegar dois anos depois (exatamente) com malas de roupas, livros (poucos), cerâmicas, espadas e presentes. E um pequeno caderno que era a síntese dos meus últimos anos vividos até então. Hoje, aqui me vejo, eu e minha janela, em uma semana de grandes dilemas e em um dia de avaliações que vão decidir o que está por vir, aqui ou em qualquer outra metrópole do mundo. Para Murakami, no aquário das suas lembranças, é sempre fim de outono. Para mim, é o começo de um tempo de renovação.-kikks 9:03 AM
Saturday, September 20, 2008 já sinto saudade dos meus azulejos antigos-kikks 10:02 PM
desde ontem, eu bato tapetes. deixo apenas um resto de poeira, aquela quase invisível, para poder lembrar-me um dia de que ela esteve lá. não há como ser de outro jeito. mesmo quando se esfrega bem o solado do sapato no capacho, ele carrega pedaços de caminhos por onde andou. o passado está no presente, com ou sem nostalgia, é película protetora. nestas semanas, morro pelo menos uma vez por dia. morro mesmo. abro as janelas, penduro os tapetes para tomarem um pouco de sol durante o dia e sereno à noite. durmo de janelas abertas. a brisa me acorda com a lua que às quatro da manhã me deixa um pouco embriagada. não levanto, não durmo, não escrevo. abro levemente os olhos para ter certeza de que o chão do quarto se ilumina. e tudo depois se evapora em uma manhã bem fria. tiro os tapetes do parapeito, sacudo mais um pouco. descubro que as pequenas manchas coloridas no aslfato caem dos vasos pendurados na janela. eu achava que uma mulher carregava um buquê enorme e passeava pela cidade todos os dias, talvez até mesmo contratada ou pela prefeitura ou por uma marca famosa de perfumes. ou simplesmente porque o que ela queria fazer da vida era fazer desenhos vermelhos, rosados sobre o cinza duro. deixo os tapetes de novo no parapeito. noto na soleira do vizinho as frutinhas laranjas de uma árvore que não está lá. depois, na janela do térreo da casa seguinte. foi a menina que acabou de passar. ela ainda não sabe, mas um dia, lhe darão um buquê gigante de flores para que ela passeie pelas calçadas apenas nos primeiros dias do outono. -kikks 3:10 PM
alma bruta, indefinida
-kikks 3:09 PM
Sunday, September 14, 2008 a frase que me acompanhou (e ainda acompanha) nas últimas semanas"O pensador assume a condição de náufrago que — ao se debater pela vida — vive. Vive e sobrevive como pensador vital." A Vida do Náufrago Ortega y Gasset, na interpretação de Eduardo Portella -kikks 9:46 PM
Friday, September 12, 2008 ela tinha os pés inchados e bijouterias gigantes prateadas baratas. via o casal que estava na sua frente. até o jeito de dizer tchau lembrava. nos intervalos, lembrava. melhor assim, havia épocas em que apenas nos intervalos não lembrava. fazia do tempo útil o tempo da memória. e sempre tentada a colocar um acento agudo no "e", como em francês, mémoire. na verdade, souvenir. em que rastros se encontra? em que rastros se encontram? havia um prédio imenso de vidro e vidros por toda linha 14. portas que se abrem e se fecham automaticamente. tem momentos em que a transparência é sufocante. ontem foi assim. hoje também. depois, vai se dissipando porque antes de ontem não era. umas semanas atrás menos ainda. acho que é isso. uma certa ressaca que vai deixando poeira. não há mais cinzas. elas se foram todas com a água. elas e tudo que havia se quebrado. o anel que tu me deste. suas mãos tão finas tocando minhas mãos tão finas. e tudo se mistura com tal intensidade que eu já não sei mais o que diz respeito a quê. no território afundado os pensamentos se perdem. a lógica se perde. queria entrar na sala 6 e sair no quinto andar. queria povoar com as costas nuas edifícios gigantes, abraçá-los todos eles e seus moradores. para nunca mais perdê-los. para nunca mais perder-me. e sei que me perco, a todo instante. em todas as fases do ciclo em que a cabeça não se ocupa com aquilo que pode ser carimbado, registrado em três vias, anexos etc. je veux sentir le bruit de tes mais sur mon corps. imperceptible et toujours là. je veux être là. je suis là. et là-bas aussi. je regarde les pieds nus, mes pieds nus. j'essaie de lire duras. ça m'inquiéte un peu. les rencontres misterieux. les vies déchirées. des fragments des scénarios, des fragments de la mer et des après-midis chauds. toujours comme ça. quelques tranches perdues quelque part. et aussi retrouvées. ainsi comme moi.-kikks 9:05 PM
Saturday, September 06, 2008 em cima da mesa e, em cantos espalhados, restos de vida velha para serem organizados. no meio da poeira, alguns caminhos de dedo que caçam o novo. o que vem a ser o novo?-kikks 11:07 PM
ainda não limpei a casa, mas volto a me reconhecer. leio caio f. sem ler caio. na semana passada, os dias começam a amanhecer mais tarde. ou não sei se era eu mesma agoniada para ver o céu dizendo "acabou seu tempo". eu queria era mais tempo de manhãs escuras. mas queria o tempo acabando também. eu saio do metrô com o dia escurecendo. e me pergunto "como é que pode?". céu tão branco e de nuvens tão claras. céu tão brando. talvez seja eu mesma mais branda, me reencontrando nas minhas próprias letras. as que citam a mim mesma e não o outro.
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