Abrindo o Livro de Cabeceira
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Sunday, September 25, 2005 KAZE-kikks 1:50 AM
o único lugar da casa onde o sol bate diretamente é aquele mais sujo e mais escuro. enquanto isso, paredes são quebradas. espaços abertos. vidas em construção. eu quase escuto o mar e vejo uma lua tão apagada num céu tão limpo de cima de um telhado. vejo uma rosa-dos-ventos. você está no farol tão perdido que penso é melhor não descer estas escadas. pelo menos agora. mesmo que eu fique dias a espera lá embaixo, onde a areia é grossa e meus pés sujos. as unhas crescem, os cabelos crescem, a vida morre. a essa hora costuma ter muito vento e um zumbido que não é vento, mas conta toda a sua história, você quer ouvi-la? não há silêncios, há intervalos. momentos em que o ar entra e se instaura em alguns poros e fica lá acolhido para poder sair. quando sai, se mistura com o universo. vidas se mesclam. quanta vida nestas frases. tem gente que olha e diz que estamos dando voltas. eu, em mim mesma. no meu quarto, na minha cidade, no meu mundo. éramos dois a rodar e rodar e rodar... era esta a música que tocava. depois, tocava outra e outra. the music that he leaves me this is how it goes. justo eu. assim, mais pelas palavras. parece que você nasceu com este som de rosa-dos-ventos com um galo em cima do norte. você sabia disso, que existe um galo em cima do norte? desliguei o celular. joguei no mar. para nunca mais ouvi-lo tocar. para mudar de vida e de rosto desliguei o celular. no meu passaporte, o carimbo é falso. as tintas vão se apagando e quando me pararem eu não vou saber o que dizer. moro aqui mesmo, nasci aqui nesta terra de areia grossa, está vendo a foto no livro? foi lá, neste vão entre uma tala e outra de madeira que eu brotei. e depois mais um pouco ali onde o chão é de concreto. veja bem, é concreto e não asfalto. quando estou perdida, saio pelas ruas depois da chuva. as luzes dos faróis dos carros parecem mais densas e me acomodam, me confortam como vento cortante. assim respiro uma, duas, três vezes. depois, atravesso para dentro do asfalto molhado. agora sim, asfalto. me projeto para um mundo de sombras e de luzes, meio úmido, como depois de molhar as pedras do jardim só para você passar. é quando eu faço uma reverência. acendo um cigarro e me jogo no chão, sento e abro um livro de letras amarelas. pretas e amarelhas. a capa é meio roxa. você não gosta dele, eu sei, mas lá estão todas as minhas referências. grudadas nas páginas, os rodapés da minha vida. por isso você não entende nada, acha que é uma melodia triste. vou te contar uma coisa. você também está lá. também nasceu dos vãos entre talas de madeira e concreto. num dia de tempestade fina e sopros de vento. depois que saiu o sol você sorriu e aquela música que não diz nada começou a tocar.
-kikks 1:35 AM
dia de transformar, jogar no lixo, guardar, tirar o pó, não dormir, acordar, tomar chá, fumar, ler, escrever na alma, matar o tédio, me isolar, perder-me em emoções, organizar, rever, reler, lembrar, esquecer, colocar letras em caixas, acender luzes, queimar incensos, tatuagens, carimbos, tintas e penas, olhar a lua, ir para a varanda, viajar, voltar, descobrir retrouver - gosto desta palavra -kikks 1:32 AM
as palavras são dele julio cortázar (ou melhor, andrés fava) A viagem não é uma solução. Não cair na idiotice de acreditar que seja. Vale - e muito - como reproblematização. Aquele que der uma volta e volte, e tiver mantido os olhos abertos, conhecerá melhor a forma de sua jaula, os ângulos e os passos que preparam as fugas. -kikks 1:30 AM
Friday, September 23, 2005 letras miúdascomo eu queria -kikks 7:55 PM
Monday, September 19, 2005 tive cólicas quando a sobrinha estava nascendohoje sonhei com uma amiga madrugada de tempestade lembrei de uma noite em que fui acordada pelo barulho da chuva e eu só pensava "como é que eu vou ver os sete samurais se essa droga não parar?" em português mesmo -kikks 4:36 PM
Saturday, September 17, 2005 fora da cidadeacordei com a sensação de ter saído daquele corredor escuro que dá para um caminho de pedras e cerca de madeira. onde muito tempo atrás havia aula de música. muito tempo atrás. mais uma das pontes. olhei no relógio e fazia sentido. a aula tinha acabado de acabar lá. era uma força rígida. quando lá acaba, aqui está para começar. aqui, a força é outra. -kikks 6:42 PM
me acomodo no silêncio
-kikks 5:53 AM
banana yoshimoto dividiu o livro em duas partes: pele dura e corpo duro. pensei muito sobre isso. dans ma vie. como se eu escrevesse livros para ninguém. monólogos com interlocutores mudos que nunca sublinhariam frases. não deixam impressões digitais sobre as páginas. no entanto, absorvem todas as letras. publicações cobertas por linho grosso e cru. palavras escondidas. pele dura. corpo duro. marcas de REconstrução.
-kikks 5:44 AM
RE-crio
-kikks 5:44 AM
quando perco a linha, choro
-kikks 5:44 AM
Thursday, September 15, 2005 - Abraça tua loucura antes que seja tarde demaistriângulo das águas caio f. abreu -kikks 1:16 AM
Friday, September 09, 2005 "faço longas cartas pra ninguém"-kikks 8:42 PM
cidades e seus sons sinos que me fazem renascer vento gelado aquece a alma (sobem os letreiros) 2046 Decision Tu Ne Tueras Point -kikks 6:56 AM
Thursday, September 01, 2005 acredito ser na memória humana o único exemplar de nossa espécie a ter naufragado num navio desertoa ilha do dia anterior - umberto eco - -kikks 5:35 PM
Apagou todas as luzes da sala. Era noite. Mas havia algo de estranho no céu. Estava claro, cinza esbranquiçado, estourado. Deve ser a poluição. Não importa. Ouvia todos os seus silêncios no silêncio. Às vezes, uma buzina, gritos na quadra da escola, uma sirene vindo de algum lugar. A queimação no estômago. O pensamento se este era o céu visto por todas as pessoas em todos os lugares do mundo. Se estivesse em qualquer outro lugar, veria o mesmo céu? A mesma cor? E quais seriam os barulhos? Bebeu mais um gole de chá. Aparente calma. A cerâmica branca tomada pelas mãos era uma tela de suas memórias. Quanto maior o recipiente, mais imagens. Lembrou-se de ter visto como uma mancha negra sobre o chá preto. Os olhos mais negros e nítidos. O contorno dos cabelos, estavam bonitos aquele dia. Só a metade de cima do rosto. A de baixo estava em silêncio.
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